terça-feira, 28 de agosto de 2007

Reação

Porque será que toda vêz que se esboça algum movimento de reação, às coisas que vão mal no país, a reação é imediata? Porque "eles" são e sempre foram, infinitamente mais organizados e motivados.
As esquerdas aprenderam, da maneira mais difícil, que a luta armada em nosso país é inutil. O principal combustível para a luta armada, é a militância política, que por sua vêz depende totalmente da instrução, de um pouco de cultura, para ser motivada. Como nosso país é pobre, entre outras coisas, de espírito, não é possível arregimentar "guerrilheiros", em número suficiente, nem para derrotar nosso pobre e desequipado exército.
Não sou professor, como alguns poderiam suspeitar, pela minha aparente obsessão com a instrução, sou um mero engenheiro, classe desunida e com um padrão de qualidade profissional declinante, justamente pela baixa qualidade dos cursos de sua formação. A mim me parece que tanto às famosas "elites", bem como às hostes da esquerda "progressista", é conveniente a ignorância da massa popular.
As "elites" equivocadamente decidiram há 30 ou 40 anos atrás, que era necessário frear o desenvolvimento do sistema educacional de nosso país, o resultado é esse em que vivemos a um passo do caos social, somado a um sistema político feito sob medida para viabilizar a corrupção, pura e simples, onde o objetivo é viabilizar o saque do estado, sustentado por uma massa ignorante e desprovida de consciência política, ou cidadania, palavra tão em voga, mas incompreensível para 95% de nossa população.
Às esquerdas remanescentes, estas sim sempre politizadas, ficou óbvio que esta política idiota das elites (direita se quiserem), muito seria útil a seus propósitos, já que a luta armada seria inviável, pelos motivos acima, bem como pelas dimensões continentais de nosso gigante país, sempre dormindo em berço esplêndido, com problemas logísticos insuperáveis para a luta armada. Quanto às forças armadas, tradicionalmente mal remuneradas, o caos social cuidaria de contamina-las, como vimos seguidamente no caos Fluminense. Alguém se lembra de algum movimento estudantil, significativo, pleiteando melhora do sistema de educação, nestes últimos trinta anos?
Os movimentos mais recentes, salvo eventuais e raras pífias excessões, refletem uma preocupação dos professores em simplesmente sobreviverem e dos estudantes em continuarem a ter professores a ensina-los. A qualidade do ensino tem sido declinante? Como cobrar qualidade de ensino, a um professor que sequer pode dar uma vida digna a sua família?
Agora vemos a reação das esquerdas, sempre eficientes, a tímidos e às vezes mal planejados, movimentos de protestos contra o governo, catalizados tardiamente pelo tágico desastre do vôo da TAM, típicos protestos de uma oposição sem identidade e sem planejamento, que procurou apoio em figuras públicas sem carisma, vulneráveis à chacota, perante os desvalidos que sustentam este governo, à custa de migalhas, esmolas, que suprem suas necessidade imediatas, importantes sem dúvida, mas que não tem nenhum fim prático a longo prazo.
Reação pífia ou não, pelo menos já é um começo. Só esperemos que não fique nisso. Podem ter certeza, que ao governo não interessa nenhuma melhora significativa, no grau de instrução do nosso povo. O único argumento com que defendem sua ação neste campo, é a diminuição do analfabetismo. Alfabetizar não é somente ensinar a escrever, só isso é o mesmo que dar uma bolsa família cultural, no máximo evita a morte por inanição cultural, mas mantém a grande massa do povo, subnutrido física e culturalmente, conforme convém ao seu projeto de poder.

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