terça-feira, 4 de março de 2008

Laico?

Hoje vou variar um pouco de assunto, estou cansado de assumir a carapuça forçada de idiota. Está para começar o julgamento, no Supremo Tribunal Federal, sobre a constitucionalidade da Lei, que permite e estabelece as regras para pesquisa e desenvolvimento, do uso de células tronco no tratamento genético, de doenças e problemas de saúde insolúveis no momento.
Nunca escondi minha condição de agnóstico convicto, sempre me mantive neutro quanto aos conflitos dogmáticos inerentes à prática religiosa, seja qual for a religião. Sempre foi minha convicção, de que em princípio todas as religiões são basicamente boas, apesar disso não ter, para mim, o menor interesse. O que mudou foi a crescente influência das religiões, em assuntos essencialmente laicos, com as mais variadas interpretações sobre assuntos tais como, a definição do que é ou não é o ser humano , quando ele passa a se-lo e por aí afora. Isto começou quando se procurou definir quando uma pessoa estaria realmente morta, para fins de transplante de órgãos. Quantos morreram, na fila dos transplantes, devido a esta discussão estéril? Eles não mereceriam uma chance de sobrevivência? Deus, em sua infinita misericórdia, certamente concordaria em dar uma sobrevida ao desenganado. Pelo menos foi isso que sempre ouvi, enquanto fui submetido a uma educação religiosa, mal sucedida. Reconheço que é um assunto delicado.
Mas eu me pergunto, a definição física e real da morte, depende de conceitos religiosos? Quantos morreram porque não puderam receber transfusão de sangue, porque alguma religião condena, por razões que só ela pode entender, no tratamento de alguma doença, no tratamento de acidentados.
Temos tantas coisas mais importantes, do que estas discussões dogmáticas. No passado isto não chegava a ser um problema significativo, pois a influência, das diversas religiões e sua diversidade de conceitos e dogmas, era menos acentuada. Porém recrudesceu quando descobriram que as religiões tinham uma utilidade política enorme, como catalisador de conflitos e movimentadora de massas, gerando um combustível fantástico para alimentar guerras infindáveis, coisa em que as ideologias políticas perderam eficácia, como combustível de conflitos.
Andei estudando um pouco, nas últimas semanas e não consegui achar sequer um país, que misture religião nos assuntos políticos e que tenha qualquer tipo de sucesso, no desenvolvimento do bem estar de seu povo. Se estiver errado e houver uma só exceção, favor informar-me.
Continuo cada vez mais convicto, que religião e governo são imiscíveis e sobretudo creio firme e absolutamente, no direito que todos tem em escolher a religião que lhe aprouver, inclusive no direito inalienável de não ter qualquer religião. Se isso fosse um conceito respeitado, os conflitos do oriente médio já teriam sido extintos, por falta de combustível, Osama Bin Laden estaria criando cabras nas montanhas do Afeganistão, algumas doenças teriam cura, alguns transplantes teriam salvo mais desenganados e talvez estivéssemos vivendo um pouco melhor.
Se dependesse da Igreja católica, por exemplo, nosso planeta seria um prato e não uma esfera. Esperamos que a determinação dos cientistas e pesquisadores, não cedam ás tendências inquisidoras, que teimam em permanecer vivas.

Nenhum comentário: