quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Jeitinho Brasileiro

Estive matutando sobre essas, aparentemente democráticas e liberais iniciativas, de tornar mais acessível aos pobres e membros de minorias étnicas, o acesso ao ensino superior. Como criticar tais iniciativas sem parecer elitista e retrógrado? Ou mesmo politicamente incorreto? Arrisco a despertar a ira de alguns eventuais leitores. Mas mesmo assim decidi expor meu ponto de vista.
Sou originário de uma educação essencialmente liberal e democrática, num primeiro momento senti uma certa simpatia a esses sistemas de "cotas", porém algo me incomodava. Afinal vivemos um momento contraditório em nosso país, onde passamos por uma fase extremamente positiva em nossa economia, com indicadores sociais inegavelmente positivos, então porque essa sensação de inquietação? Serei eu um eterno insatisfeito?
O que me incomoda é que todo este progresso tem um só objetivo, a manutenção do poder a curto prazo, não importando as conseqüências a longo prazo, à nossa futura convivência social. Característico do nosso tradicional "jeitinho brasileiro", tudo se justifica se isso significar uma vantagem imediata. O acesso ao ensino superior deveria ser igual para todos, o que sucede é que o sistema educacional público, foi literalmente demolido nos últimos 30 ou 40 anos. Porque? Uma convicção das famosas elites políticas, que o ignorante é mais fácil de manipular, além de que o que não era aplicado na educação tinha destino mais lucrativo, de imediato, em outras áreas. Assim ao longo dos anos, o ensino gratuito, este sim extremamente democrático, foi se degradando a ponto de ser incapaz de preparar quem quer que seja, pobre ou rico, para o inevitável processo de seleção para o ensino superior e ou profissional.
Como solucionar isso? Não existe solução de curto prazo, a solução real seria investir na formação e pagar salários dignos para a classe que é mais considerada e importante em qualquer país sério, os educadores. Olha que não sou professor! Antes que alguém ache que sou membro da classe.
Como fazer isso a curto prazo? Criando essas novas "castas", reservando vagas para pessoas em que o único "mérito" é ser pobre, de alguma cor, de alguma raça exótica ou mesmo tudo isso e mais ser simplesmente vagabundo. Há casos de aspirantes ao ensino superior, se declararem "pardos", mesmo estando simplesmente bronzeados, para serem admitidos a estas novas "castas".
Qual o resultado? Criar ressentimento, justificado por sinal, afinal o critério absoluto deveria ser a capacitação em conhecimento, assim porque estudar e se informar? Vamos improvisar, nos incluirmos em alguma minoria, afinal quem é totalmente isento de um "pé na África", ou uma longínqua origem silvícola? Afinal a maior característica de nosso país, é a diversidade de etnias, de imigrantes e a inevitável miscigenação, que sempre proporcionou uma grande tolerância racial, coisa rara no mundo de hoje.
O preocupante é manipular estes sentimentos delicados, arriscando a criar ressentimentos incontornáveis, vide o Oriente Médio, num país fundamentalmente miscigenado, afinal a único preconceito que sempre existiu, o social, está a caminho de uma gradual atenuação, com uma inegável redistribuição de renda, feita com intenções eleitoreiras é verdade, mas com resultados positivos. Não existe solução justa de curto prazo, para o acesso ao ensino superior e profissionalizante e isto não é conveniente às necessidades políticas, de quem quer o poder a qualquer custo, já.
Portanto a solução é o nosso tradicional "jeitinho brasileiro", não importam as conseqüências futuras, afinal "este não é meu problema no momento", mentalidade característica de nossa classe política, desde o início de nossa história.
LEMBREM-SE, DENTRO DE 18 DIAS TEREMOS ELEIÇÕES, VOTEM COM CONSCIÊNCIA. QUEM NÃO VOTA, OU ANULA O VOTO, OU VOTA EM BRANCO NÃO TEM DIREITO A RECLAMAR DE NADA!!!!!

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