quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Os eternos idiotas

Nós insistimos em nos qualificarmos de idiotas. Esta discussão sobre a CPMF, é uma demonstração disso, vejamos o que aconteceu no passado recente.
A dita contribuição, foi criada no governo FHC, num momento de inadimplência administrativa, enfiando-nos goela abaixo uma contribuição, destinada teoricamente à financiar a saúde, lembrem-se, destinada à saúde. Este governo, que foi relativamente confiável, o que não é pouco em nosso país, usou uma pequena parte dela para a saúde, já incorrendo na época, em um certo grau de estelionato. Pois bem, nós nos conformamos e "contribuímos" comportadamente. Com o tempo, estes fundos foram destinados a todo tipo de despesas e quando sobrava algo, se sobrava, ia para a saúde. O PT na época cansou de denunciar o fato e a esbravejar contra ela.
Quase nos livramos dela, num momento semelhante ao de hoje, ficando algum tempo sem paga-la, até o Governo FHC conseguir reinstituí-la. Agora vemos os ferrenhos opositores daquela época, defendendo sua permanência e os seus instituidores, lutando arduamente para extingui-la. Isto confirma ou não nossa idiotice? Vocês acreditam mesmo nesta mímica, que estamos presenciando agora? Acreditam que o governo atual, vá cumprir alguma das promessas, de redenção da saúde com a continuidade da CPMF? Ou que o PSDB está mesmo preocupado, com o destino dos recursos? Ou melhor, que eles acreditam na afirmação do governo, de destinar "toda" a "contribuição" para a saúde? Ou se isso ocorrer, que vão fiscalizar o cumprimento do compromisso?
Nenhum governo, seja ele qual for e muito menos este, que não tenha um sistema transparente de acompanhamento da aplicação dos seus recursos, vai destinar recursos que faltem ao financiamento da sua agenda política, isto sem falar na agenda "particular" dos seus gestores. Manter o "status quo" da saúde, ou do caos no sistema carcerário, diriam os mais cínicos, não deixa de ser um controle indireto da população, normal ou carcerária. Pode parecer desumano, mas estou convicto que os mais cínicos participantes do governo encaram com fatalismo este "benefício" indireto. Ou vocês acham que eles estão preocupados com a sacode daquele padre, ou bispo, que está fazendo greve de fome, contra uma obra exponencial para o governo, como a transposição das águas do São Francisco, no Nordeste, destinada a consolidar seu curral eleitoral nordestino..
Tudo isso é um jogo de cena, da parte do governo para manter um crescimento das receitas, para financiar suas pretensões eleitorais e da parte da "oposição" para amenizar, a imagem de incompetência que tem deixado, ao longo desses últimos anos.
Eles não querem perder 40 bi de recursos, tanto quanto qualquer um de nós, abriria mão de um centavo sequer de nossos salários, afinal já contamos com nossas receitas, para pagar nossas despesas ou para criar novas, tal qual o governo.
Ficar ouvindo "ad nauseam", petistas como Mercadante ou a lamentável Ideli, "explicando" porque a saúde vai sofrer com a falta desses recursos, é no mínimo bizarro, é como se tivéssemos um sistema eficiente de saúde e fossemos perder algo. Como perder algo que não temos?
Volto a dizer, se tivéssemos segurança de que os recursos fossem realmente destinados à saúde, provavelmente nos conformaríamos, porém com o que ocorreu com ela nos mais de dez anos da sua vigência, só nos confirmando idiotas, para nos conformarmos.
Uma boa mostra do que nos espera pela frente, é a "eleição" do novo presidente do senado, qualificado pelo governo de confiável, não há referência mais negativa do que esta. Acham que permitiriam a eleição de Pedro Simon, um dos poucos políticos sérios e independentes? O governo quer alguém manipulável.
O único consolo no momento, é que numa demonstração de enorme incompetência, coisa rara infelizmente, parece que se puseram numa posição ,em que dificilmente vão conseguir aprovar a manutenção da dita "contribuição". Vamos torcer por isso, seja pelo voto ou pelo decurso de prazo.

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